A Copa do Mundo de 1950 disputada entre 24 de junho e 16 de julho foi um marco na história do futebol, bem como foi a primeira edição do torneio após a segunda guerra mundial.
Organizada no Brasil, a quarta copa do mundo, acima de tudo foi um evento repleto de emoção, inovação e com um dos desfechos mais icônicos do esporte.
Escolha da sede
O Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo de 1950 em 1946, durante o Congresso da FIFA em Luxemburgo. Enfim, após 12 anos sem torneio devido à segunda guerra mundial (1939–1945), a escolha do Brasil refletia a necessidade de revitalizar o futebol internacional.
Por fim, o país ofereceu a promessa de construir estádios modernos, como o Maracanã, além de já contar com uma paixão fervorosa pelo esporte.
Outras nações, especialmente as europeias, enfrentavam dificuldades econômicas e logísticas no pós-guerra, o que reforçou a candidatura brasileira. E dessa forma, foi a segunda vez que o evento ocorreu na América do Sul, após o Uruguai sediar a edição de 1930.
O torneio
A copa de 1950 teve um formato único e não repetido desde então. Assim, em vez de uma fase eliminatória tradicional, o torneio foi dividido em fases de grupos.
As 13 equipes participantes foram organizadas em quatro grupos, sendo grupo 1 e grupo 2 com 4 seleções, grupo 3 com 3 seleções, e grupo 4 com duas seleções, e os vencedores de cada grupo avançaram para o quadrangular final.
Dessa forma, as seleções participantes foram Brasil, Bolívia, Chile, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Iugoslávia, México, Paraguai, Suécia, Suíça e Uruguai.
A Inglaterra fez sua estreia em Copas do Mundo, e algumas ausências foram notáveis, como a Argentina que estava em com problemas entre a AFA e seus jogadores, e a Alemanha banida pela FIFA após a guerra.
Logo, o anfitrião Brasil dominou nas fases iniciais, e no quadrangular final venceu a Suécia (7-1) e a Espanha (6-1). Finalmente com a confiança em alta, o Brasil chegou à última partida do quadrangular contra o Uruguai, precisando apenas do empate para conquistar o título.
Fase de grupos
Grupo 1
Da esquerda para a direita: 1ª rodada, 2ª rodada e 3ª rodada.
| Brasil 4 x 0 México | Brasil 2 x 2 Suíça | Brasil 2 x 0 Iugoslávia |
| Iugoslávia 3 x 0 Suíça | Iugoslávia 4 x 1 México | Suíça 2 x 1 México |
Grupo 2
Da esquerda para a direita: 1ª rodada, 2ª rodada e 3ª rodada.
| Inglaterra 2 x 0 Chile | EUA 1 x 0 Inglaterra | Espanha 1 x 0 Inglaterra |
| Espanha 3 x 1 EUA | Espanha 2 x 0 Chile | Chile 5 x 2 EUA |
Grupo 3
Da esquerda para a direita: 1ª rodada, 2ª rodada e 3ª rodada.
| Suécia 3 x 2 Itália | Suécia 2 x 2 Paraguai | Itália 2 x 0 Paraguai |
Grupo 4
Rodada única.
| Uruguai 8 x 0 Bolívia |
Quadrangular final
Da esquerda para a direita: 1ª rodada, 2ª rodada e 3ª rodada.
| Brasil 7 x 1 Suécia | Brasil 6 x 1 Espanha | Brasil 1 x 2 Uruguai |
| Uruguai 2 x 2 Espanha | Uruguai 3 x 2 Suécia | Suécia 3 x 1 Espanha |
O Maracanaço
Na fase de grupos os times do Brasil, Uruguai, Suécia e Espanha foram os campeões de seus respectivos grupos e passaram para o quadrangular final. Em seguida o Brasil venceu a Suécia e a Espanha e fez o último jogo do quadrangular com o Uruguai, que havia empatado com a Espanha e vencido a Suécia.
No dia 16 de julho de 1950, às 15h, Suécia e Espanha duelaram no Pacaembu em São Paulo, Brasil e Uruguai duelaram no Maracanã. O Brasil precisava apenas do empate para ser campeão, e essa partida ficou conhecida como “Maracanaço”, em virtude da derrota brasileira.
Mais de 200 mil torcedores lotaram o estádio, estabelecendo um recorde de público em eventos esportivos, e o clima era de celebração antecipada, com o Brasil amplamente favorito.
O jogo começou com o Brasil no controle e o primeiro tempo terminou sem gols. No início do segundo tempo Friaça abriu o placar para o Brasil aos 2 minutos e a empolgação aumentou ainda mais.
Schiaffino empatou aos 21 minutos para a Celeste, placar que ainda dava o título para o Brasil, porém, Ghiggia aos 34 marcou o segundo e deu o bicampeonato para o Uruguai. Após o segundo gol do Uruguai o silêncio foi profundo no Maracanã.
Legado
O “Maracanaço” marcou profundamente a história do futebol brasileiro, gerando reflexões sobre o esporte no país e incentivando o desenvolvimento de novas gerações de jogadores.
A derrota foi um trauma nacional, mas também catalisou mudanças, levando à criação de novas táticas e estratégias que culminaram na conquista do primeiro título mundial em 1958.
Por outro lado, para o Uruguai, a vitória consolidou sua reputação como uma potência do futebol, mesmo sendo um país pequeno em termos populacionais e territorial.
Por fim, o Estádio do Maracanã se tornou um legado arquitetônico e esportivo, símbolo do futebol mundial. Apesar dos problemas organizacionais, o evento demonstrou a capacidade do Brasil de sediar competições de grande porte.
Considerações
A Copa do Mundo de 1950, sem dúvida, foi uma competição esportiva histórica que refletiu os desafios e esperanças do período pós-guerra.
Essa edição permanece viva na memória coletiva do futebol com momentos marcantes como o Maracanaço. Seu impacto transcendeu as fronteiras do esporte, moldou identidades nacionais e influenciou a cultura do futebol nas décadas seguintes.
Por fim, a dor da derrota brasileira inspirou e criou novos e grandes talentos do nosso futebol, culminando nos vinte anos seguintes, na conquista de três copas do mundo pela seleção brasileira.